Morfema Zero
Na charge acima,
analisando-se as palavras, no caso os verbos, separadamente, nota-se a
presença, ou melhor dizendo, a ausência de um morfema, e essa ausência é mais conhecida como morfema zero. Segundo
Valter Kehdi (1999), “ só podemos postular um morfema zero se três condições
forem satisfeitas, sendo elas: o morfema zero precisa corresponder a um espaço
vazio; esse espaço vazio deve opor-se a um ou mais segmentos; e por fim, a
noção expressa pelo morfema zero deve ser inerente à classe gramatical do
vocábulo.”
Ao analisarmos os verbos
presentes na charge, especificamente o verbo “estudei”, notamos que ele
pertence ao pretérito perfeito do indicativo, correspondendo a primeira pessoa
do singular, mas quais os morfemas que indicam essas informações? Analisemos:
Pretérito perfeito do
indicativo
Eu estudei > {estud-} é o radical
Eu estudei > {estud-} é o radical
{-e-} é a vogal temática
{ -i} é a desinência número-pessoal
Em comparação com a
terceira pessoa do plural do mesmo tempo verbal temos:
Eles estudaram > {estud-} é o radical
{ -a-} é a vogal
temática
{- ra-} é a
desinência modo-temporal
{-m} é a
desinência número-pessoal
Sendo assim, comparando
as duas formas notamos que no segundo caso aparece a desinência modo-temporal
{- ra-}, já no primeiro caso temos a ausência dessa desinência, entretanto a ausência
dessa desinência na primeira pessoa do singular, não somente nela, é
característica intrínseca desse modo verbal, ou seja, essa ausência de marca de
modo e tempo seria aqui um morfema zero, e de acordo com as condições colocadas por Valter Kehdi , acima
citadas, não há dúvidas de que nesse caso há um morfema zero representando essa
ausência de desinência modo-temporal.